breve-brevíssimo ou aquele morre-não-morre

Na iminência do incêndio, o inominável já está à espreita. Uma precisão de dar vida a um que toca, machuca. E lá vai o demônio... embaixo da mesa, na ponta dos dedos, pelas costas, beiço colado ao ouvido esquerdo. De mãos dadas com o diabo, vou ao caminho de Deus. Re-bento. Antes de Maria cerzir as próprias fissuras, o batismo é consumado – a obra já nasce benzida pelo coxo. Fruto de vosso ventre maldito e da maldade de escrever. Ficamos assim: Deus é o significado, o diabo, o significante.

terça-feira, 28 de dezembro de 2004

 
Marcas: Anjo Pornográfico I [o original], Anjo Pornográfico II, Liz Christine, Patética, Teatro da Vertigem, a Vertigem, o Teatro, o Cristianismo, Jair Ferreira dos Santos, Sidney Ferreira Leite, Caê, Pami, Alex Polari, Clarice, Dostoiévski e o espírito maldito

Eu quero escrever uma porra bem sacana. Eu quero um gozo desesperado, uma personagem licenciosa, o ridículo da pornografia, a selvageria, o palavrão.
O palavrão? Eu sou o palavrão. Eu. Eu quero o deboche. O grotesco. A vertigem dos caminhos feios e insalubres. O catarro, o pecado e a escatologia. Que se decrete o estupro do lirismo! Três vivas ao mau gosto dos instintos, das palavras chulas - as desagradáveis palavras chulas. Qual o problema com o outro lado do "humano"? Qual o problema da ignorância? Qual o problema da buceta?
Problema é ser medíocre.
Qualquer coisa pode ser fescenina, animal, patética e... poética! Merda!
O gozo gozou, gozado e piegas. Pus, verme. Pisa! Pisa que é germe.
A vertigem teatral é a única coisa. Cênico é representar o irrepresentável. É vomitar o pudor mau na cara dos caretas.
Sofram, malditos. Rir é pecado e o pecado é um fantasma, já que ele sempre é uma possibilidade que assombra. Uma heresia. Eu preciso de uma heresia. Que venham todos os malditos - ah, os hereges malditos - me trazer uma heresia. Nietszche, Bukowisk, Dalí, Polari, Hilst, Geni e todos os outros!
E não saber pode ser tão mais bonito... Entender e conhecer é limitado. E sentir é um verbo tão mais interessante...
Nada é sublime? Mentira. Porque, então, o que dizer da tesão? Tesão: libido é o caralho.
Deus salve o sexo dos anjos, o desejo das crianças. O irreprimível e incensurável desejo das crianças. Deus salve o teatro dos insanos, do absurdo, do oprimido. Deus salve o sangue dos solitários, dos loucos e dos malditos - os santos malditos. Deus salve todos os seus abençoados hereges.
Afinal, a grande questão a ser colocada nessa pós-hiper-modernidade se inverteu. Porque... a grande questão é...
E se Deus realmente existir?

Não-manifesto [vomitado com gosto] do Espírito Maldito. Porque [contrariando Dostoiévski, se Deus existe,] se Deus realmente existe, a gente tá fodido.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

 

"Blip" [sem fim]

Graças a Deus, não aconteceu algo pior.
Você devia ter dito "eu não gosto dela, só quero comer e..."
[Suor nas mãos dadas]
Minha habilitação foi junto.
[Leio: "...desse jeito, pega de supetão e pode machucar", levanto os olhos verdes para os olhos vermelhos e penso, "que merda que eu fiz?!"]
[Duas caras de bosta descem a rua e, no pensamento, um lapso: "pôôôrra, isso foi pós-moderno!"]
["Bandidos" X "cidadãos de bem" - um debate entre pai e filha, em que esta última tenta incutir alguma visão sócio-antropológica àquele]
E eu respondi que a pós-modernidade era um demônio anunciador, um anjo terminal.
Você tem algum livro do Polari?
Não, marrom.
E o louco lá, ainda tá sondando?
Eu vou fazer um B.O. amanhã, você vai?
["Tem esse fato de eu estar gostando tanto de você
e não sentir vontade de gostar de ninguém, no momento"]
E o Jordani tava junto? Roubou ele também? Iiiiixi.
Você ficou aqui pra me esperar? [Como uma criança, faço que sim com a cabeça]
Se você não aprender dessa vez, não vai aprender mais - enfático, absoluto... como sempre.
[Chuva de chuveiro para limpar a consciência pesada.]
E você viu a tática do cara? "Se você gosta da mina, vai passando a carteira", imitando.
Porque no final do livro do pós-modernismo, o cara cita os seus poetas favoritos.
Não liga agora pro seu pai que ele vai ficar desesperado, ele vai ficar louco.
6034: têm mais de dez pessoas na nossa frente.
[Beijinho, olhos vermelhos, beijinho]
Não lembro o que eu tinha na carteira... RG, CPF...
Cuidado com esse negócio de relacionamento aberto, hein...
Se eu te pedir desculpas, você vai me dar um soco?
Vou ficar paranóico por uns três meses, depois eu volto a andar na rua distraído.
A Ana me disse que levaram sua mochila com tudo... pensei "putz, vou ter que dar outra Hello Kitty pra Dani!"
Daí eu pensei, "se a autora fosse a Dani, o Polari estaria aqui".
É... De quem foi a idéia? Mário Covas.
Daí tinha uma questão na minha prova que perguntava se a pós...[ele interrompe mais uma vez]Tem vela no banheiro de casa. Por que? Meu pai caga muito fedido.
Aê, truta,
se você gosta da mina,
vai passando a carteira.
Que bom que eu tenho você. Não de "ter" no sentido de "posse", mas de ter na minha vida.
"Tentando Estruturar Uma Sensação"
A culpa foi TODA minha! Isso tudo aconteceu por MINHA culpa... Eu sou mesmo prejudicial.
Estatura média, uns 30 anos, magro... e, enquanto prossigo com a descrição, penso: "faço questão de deixar para citar que o cara era negro no final"...
Só faltava a gente ser atropelado.
Você é a pessoa que eu mais tenho intimidade no mundo!
Eu ia dizer que aquilo tinha sido pós-moderno, mas vi que você estava tenso demais para um comentário desses.
A carteira era de couro? Couro preto?
[No elevador, e ainda com aquela cara estranha, ele arranca uma folha, toda escrita de caneta preta, do caderninho dele: uma porção de sentenças e aforismos]
["Teve aquela vez que você falou que provavelmente não ficaria com ninguém"]
Ãhã.
O problema da polícia é que delegaram poder a pessoas que não têm formação nenhuma. Isso é funcionalismo público. E vai reclamar pra você ver o que acontece...
Eu não vou chorar. Você também não vai, né?
Era uma questão de tempo para isso acontecer.
[De um lado, escatologias;
do outro, risadas.
O Mote? Cagar]
Eu vou esperar a aula dele acabar, vou resolver um mal-entendido.
[Bilhete, o bilhete]
O investigador foi meu aluno.
Ai, que cara estranha.
Cabelo curto com aquelas trancinhas, sabe? Olhos escuros... negro.
Por que você tá olhando assim, pra baixo? Tou com vergonha. Tou com vergonha de você.
["Muito pouco da chateação é com você, é mais comigo"]
Às 11 horas da noite, de semana, quem tá na rua ou é bandido ou tá andando com muita pressa.
Eu prefiro não te magoar a ser eu mesma.
Ahahahahahaha... Eu sempre me expresso mal...
Foi furto? Ele mostrou arma? - diz um fartum de pinga.
Era um texto para irritar você.
Que ótimo, acho que estamos começando uma fase interessante do nosso relacionamento. A das provocações.
Tá tudo bem, Pú, obrigada por ter ligado.
["Talvez eu seja inseguro demais (talvez não)"]
Ai, Dani... você e sua arrogância. Vamos competir agora pra ver quem teve mais culpa?
Sabe, eu acho que você não é tão adepto assim do relacionamento aberto...
Vocês tão namorando? Não. Ficando? Não... [e o interlocutor lança uma cara de interrogação] É uma espécie de relacionamento aberto.
Olhos loucos: eu tenho filho pra criar, não é fácil. E vão agora descendo essa rua.
6047!
["Tem a minha hiperimaginação e visão deturpada"]
Na verdade, foi eu que escrevi, mas como o Velho era o que mais se encaixava no perfil do texto, dei a autoria para ele.
Você consegue descrever o sujeito?
Tó. Pra você lembrar de mim. Como se eu precisasse disso. Ah, seria mais um momento em que você pensaria em mim. Posso ser crítica? Pode: isso foi piegas, ridículo... Não, foi egoísta.
Também pensei em pedir para tirar os documentos, mas o cagaço foi maior.
Mas e aí, tá rolando alguma coisa entres vocês?
["Mas eu achava que, nesse momento da relação, não rolaria nada fora mesmo, isso me chateou bastante"]
Oi, Ana, tudo bom? Aqui é a Daniela. Eu fui assaltada, preciso fazer B.O e dar entrada nos documentos. Desculpa, não vou poder ir ao seminário.
A intimidade é um veneno.
Você adora clichês literários.
Eles são mais líricos.
Mas eu não fiquei com ninguém! Você pensou que eu...? Ahahahahahaha...
Pai, acho que você tem uma visão muito maniqueísta a respeito da violência.
[A espera. A senha]
Na questão, perguntava se a pós...[ele interrompe]Daí eu disse, "é por isso que eu te amo, pai". Ontem, ele tava atacado.
Boa, essa idéia do Poupatempo.
E o lirismo, hein...? O Velho escreveu um texto.
Ah, então, mas a pergunta era assim: "A pós-modernidade é um anjo anunciador ou um demônio terminal?"
E se eu não pergunto, você não fala nada? Ah, é que não é um relacionamento tão sério... Quer dizer, é sério... Mas, por exemplo, não existe um compromisso. É diferente de namoro.
Pôôôrra, que resposta pós-moderna, hein!
Quer um chazinho?

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