Na iminência do incêndio, o inominável já está à espreita. Uma precisão de dar vida a um que toca, machuca. E lá vai o demônio... embaixo da mesa, na ponta dos dedos, pelas costas, beiço colado ao ouvido esquerdo. De mãos dadas com o diabo, vou ao caminho de Deus.
Re-bento. Antes de Maria cerzir as próprias fissuras, o batismo é consumado – a obra já nasce benzida pelo coxo. Fruto de vosso ventre maldito e da maldade de escrever.
Ficamos assim: Deus é o significado, o diabo, o significante.
As bundas do metrô são tão feias... É porque elas não têm Deus no coração... Hã?... O quê?... O que disse?... Que elas não têm Deus no coração... Quem?... As bundas do metrô... Tá louco?... Louco?... Holden tinha razão... Por quê? As bundas do metrô são tão feias... É porque elas não têm Deus no coração... Hã?... O quê?... O que disse?... Que elas não têm Deus no coração... Quem?... As bundas do metrô... Tá louco?... Louco?... Holden tinha razão... Por quê? As bundas do metrô são tão feias... É porque elas não têm Deus no coração... Hã?... O quê?... O que disse?... Que elas não têm Deus no coração... Quem?... As bundas do metrô... Tá louco?... Louco?... Holden tinha razão... Por quê?...
Texto-encomenda para o Fede à Porra
Zum-zum
Eu não imaginava que ele era capaz. Quando me pediu pra ver a bundinha, pensei que enfiaria o dedo ou o pau, cheguei a mencionar a vaselina mas, quando percebi, já estava sentindo sua língua, aquela imensa e úmida língua dele, bem no meio do meu cu. Bem lá. Me senti ridícula, no começo. Só não tive coragem de pedir pra que ele parasse, não queria dar o braço a torcer, mostrando que achava aquilo diferente demais pra mim, dando a entender que estava um pouco chocada e me sentia estranha. Receei que me julgasse inexperiente, ingênua. Permaneci estática e me fiz de natural, sem soltar um ruído - nem de prazer nem de enfado - esperando pelo fim daquela cena que se aproximava de um daqueles filmes pornôs que passam na Band e que a gente assiste quando não tem nada melhor pra fazer. A imagem me bateu uma vontade de rir desgraçada. Segurei o riso estrondoso e denunciador e soltei só um sorrisinho de canto de boca. O problema é que ele não parava. Não parava. Por nada. Não demonstrava um pingo de cansaço ou derrota. Continuava num movimento de ida e vinda com a língua alternando para o de colocar e tirar. Incessante. Tentei alcançar algum objeto próximo e lançar ele ao chão pra ver se o infeliz acordava daquele transe. Rezei pra que o telefone tocasse e eu, fingindo estar esperando por uma ligação importante, desse um pulo e corresse na direção do aparelho. Pensei até em simular uma vontade de urinar ou de fazer cocô. Mas ele me atava ao colchão de tal maneira que me deixava à mercê de sua vontade em acabar logo com aquela situação bizarra. Só que de repente, percebi que a força com que a língua dele entrava e saía da minha bunda fazia um som. Um som estranho, bem baixinho. Tive paciência pra tentar escutá-lo. Um, dois, três segundos. Mais alguns. Era uma espécie de som de "z", mas que continuava e se perdia. Prendi a respiração, me concentrei e daí pude ouvir. Tinha conseguido. Ouvi de novo pra me certificar. Ow, puxa. A língua dele no meu cu fazia um zum...zum... E se repetia: zum... zum... Zum-zum! Zum-zum, zum-zum... Fiquei me distraindo com o som enquanto ele se distraia com meu ânus. Ficou mais um tempo a movimentar a língua e, quando finalmente, decidiu descansar, escutei sua voz rouca e quase sem respiração: "fiz zum-zum e pronto... fiz zum-zum e pronto..."